terça-feira, 19 de setembro de 2017

Zona Franca de Manaus sob ataque

É no mínimo inusitada a proposta do Ministério da Saúde para combater a obesidade infantil no País: aumentar impostos sobre as bebidas com açúcar. Nada de campanha pelo consumo consciente de bebidas e outros alimentos “engordativos”, nada de esclarecimentos e informações nutricionais à população, nada de ações específicas nas escolas. A estratégia do governo federal se resume ao aumento de impostos. E pior: como uma parte importante da indústria de bebidas está na Zona Franca de Manaus, nosso combalido modelo será o mais prejudicado caso a medida seja, de fato, implementada.

A impressão clara é que a preocupação do governo federal passa bem longo do problema da obesidade infantil, que é uma questão     grave que precisa ser abordada de forma séria. A intenção do governo parece ser apenas a de aumentar a arrecadação e engordar a receita tributária. Mas esse tiro pode sair pela culatra; maus hábitos alimentares não serão corrigidos porque os refrigerantes vão ficar mais caros. Isso se faz com educação, conscientização dos pais, orientação nas escolas.

Por outro lado, a mudança na tributação das bebidas pode colocar em risco milhares de empregos mantidos por esse segmento na Zona Franca, fragilizando um setor que é um dos mais importantes do Polo Industrial de Manaus. Vale lembrar que os concentrados para preparação de bebidas são o principal produto de exportação da Zona Franca, responsável por mais de 30% de nossas vendas externas.

Com uma ameaça tão séria ao modelo que é o motor da economia local, era de se esperar uma reação forte dos parlamentares da bancada amazonense em Brasília. Mas o que se vê é absoluta passividade na Câmara dos Deputados, com parlamentares minimizando os efeitos da medida nas fábricas de Manaus, fazendo-se de surdos diante dos apelos de lideranças empresariais locais. A postura da bancada é exatamente a que se viu quando propostas recentes foram aprovadas no Parlamento Federal, inclusive com votos de parlamentares do Amazonas, apesar de todo o potencial prejuízo à indústria local. Quais são as chances da Zona Franca, quando aqueles que deveriam defender o modelo adotam um discurso de “não podemos vencer porque somos poucos”? O modelo ZFM vive dias muito sombrios.  (A Crítica)


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