domingo, 20 de agosto de 2017

O Risco!

*Diógenes Dantas Filho - Coronel Forças Especiais/ Consultor de Segurança
A intervenção federal nos Estados poderá ocorrer em casos extremos e está prevista no Art. 34 da Constituição, inclusive para “por termo a grave comprometimento da ordem pública” e “reorganizar as finanças de unidade da Federação”.
O Estado de Defesa, regulado pelo Art. 136, será decretado pelo Presidente da República para preservar ou restabelecer a ordem  ou a paz social ameaçadas  por grave instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções.
O Estado de Sítio, citado no Art. 137, poderá ser invocado na falência do Estado de Defesa, em resposta à agressão armada estrangeira ou em caso de guerra.
Em qualquer das situações, as Forças Armadas (FFAA) terão um papel proeminente e serão empregadas por determinação e orientação de seu Comandante Supremo.
O risco está sempre presente no processo decisório e diante daqueles que cumprem missões perigosas por dever funcional.
O uso de militares fora de suas atividades-fim,  apesar de legal, é um erro tático e estratégico que não pode ser banalizado e, muito menos, aproveitado para dividendos eleitoreiros.
Apesar de preparados para atuação em qualquer ambiente, o seu armamento é de guerra razão pela qual a população fica exposta e sujeita a balas perdidas de grosso calibre em localidades carentes durante ações de natureza policial.
 No Rio de Janeiro e em outras capitais, o povo exige a presença das FFAA para ter relativa tranquilidade diante da caótica insegurança privada e pública.
Entretanto se, lamentavelmente, algo de errado ocorrer os mocinhos passarão a bandidos da noite para o dia e seu elevado conceito na opinião pública irá para o brejo. Os políticos, como sempre, lavarão as mãos e os Comandantes das Forças Singulares ficarão sós nas suas responsabilidades.
É por esta e outras que o Comandante do Exército declarou que o uso de sua tropa em segurança pública é “desgastante, perigoso e inócuo”. Ficaram na Favela da Maré por 14 meses e uma semana após a saída tudo voltou a ser igual ou pior do que era antes.
Agora, há uma nova tentativa para combater os criminosos e atenuar a sua glamourização, no mesmo Município, até dezembro de 2018.
A estratégia da presença continua a ser fundamental  mas não pode ser postergada a implantação de obras sociais nas comunidades, prometidas desde a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s) que perderam a sua operacionalidade pela ausência das mesmas .
Deve ser feito um controle eficaz das principais vias de circulação com pré- posicionamento de grupos táticos realizando os três graus de segurança: vigilância, cobertura e proteção.
Deverão ser mantidos na reserva e em condições de pronto  emprego pelo menos dois outros grupos para serem helitransportados para qualquer ponto da cidade.
Dezenas de outros pelotões especializados permanecerão de prontidão para atuarem com mobilidade e presteza nos locais sensíveis previamente levantados e reconhecidos.
O Estado- Maior conjunto deverá dispor de uma central de processamento de dados que se louve em eficiente sistema de Inteligência e no Disque- Denúncia valorizado e bem renumerado.
As bases logísticas do crime organizado devem ser sufocadas  e destruídos os seus arsenais de armas e munições.
Tudo deve ser feito para preservar a vida de inocentes mas os bandidos não podem ser poupados.
É essencial a previsão de um suporte médico de emergência para pronto atendimento.
A surpresa e o sigilo das operações são imprescindíveis para o êxito. Segundo consta, houve vazamento de informações na recente ocupação do Complexo do Lins decepcionando o Ministro da Defesa e frustrando os Comandantes. Os resultados foram pífios diante da mobilização de cerca de 5 mil homens, mais de 500 viaturas, 71 blindados, helicópteros de cobertura e vigilância de paraquedistas na mata. O custo foi elevado e em nada contribuiu para imagem da força repressora.
Tudo serve de ensinamento principalmente diante da complexidade de ações em ambiente que pode ser comparado ao de guerrilha urbana e combate em localidades, agravado pela falta de condições para evacuar os residentes.
Estamos esperançosos no sucesso das próximas operações e na derrota do crime organizado, ainda que parcial, porque não podemos ficar reféns de bandidos e vivendo sob o estigma do medo a todo instante. 

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